Fator Corretora explica por que as estrelas do Ibovespa (Vale, Petrobras e siderúrgicas) subiram menos que a média com decisão da S&P
Por João SandriniEXAME
Empresas como Vale, Petrobras, CSN, Usiminas e Gerdau se acostumaram a puxar as valorizações do Ibovespa nos últimos meses. Além de lucros extraordinários, essas empresas tiraram proveito de uma conjuntura de mercado favorável. Investidores do mundo todo têm apostado alto em empresas ligadas ao setor de matérias-primas devido à forte demanda da China, aos gargalos que impedem o rápido aumento da produção de commodities e também ao aumento da aversão ao risco observado desde o início da crise do subprime. Além disso, os sucessivos cortes de juros determinados pelo Federal Reserve nos Estados Unidos ajudaram a desvalorizar o dólar e a inflar o preço das matérias-primas – que têm seus preços de referência atrelados à moeda americana. Desde a semana passada, quando o Brasil conquistou o grau de investimento da agência Standard & Poor’s, entretanto, as blue chips subiram, mas ficaram para trás em comparação a outros papéis da Bovespa. Seria então o momento de garimpar oportunidades entre as empresas de médio e pequeno porte?
Para a Fator Corretora, a resposta é sim. A coordenadora de análises da instituição, Lika Takahashi, acredita que o mercado vai se comportar nos próximos meses de forma oposta à verificada desde o ano passado. “Ações de empresas ligadas ao mercado doméstico devem ter resultados melhores que as produtoras de matérias-primas”, escreveu Lika no relatório “Brasil, Grau de Investimento – A Hora das Ações de Segunda Linha”, divulgado nesta segunda-feira. Ela lembra que blue chips como Vale, Petrobras, Usiminas, Aracruz e VCP já possuíam o grau de investimento antes de o país ser agraciado com o selo de bom pagador. Além disso, essas empresas deverão ser prejudicadas pela provável queda da cotação do dólar gerada pela maior atração de recursos para o país após a decisão da S&P.
Para a maioria dos analistas de mercado, o grau de investimento vai beneficiar principalmente as ações de empresas que terão custos menores de captação de recursos e poderão elevar suas vendas com a expectativa de juros mais baixos no longo prazo. Esse é o caso de bancos, empresas de bens de consumo e varejistas. Também saem ganhando companhias bastante endividadas ou com planos de investimento ambiciosos, como construtoras e geradoras de energia – todas terão custos mais baixos para implementar seus projetos. Como essas são empresas com menor peso no Ibovespa, a Fator Corretora decidiu manter sua projeção de 75 mil pontos para índice ao final deste ano.
Não há consenso, entretanto, se as empresas ligadas a commodities também não continuarão a registrar fortes valorizações nos próximos meses. Lika Takahashi, da Fator, acredita que já há um certo exagero nos atuais preços das commodities apesar da demanda ainda ser alta. Há incertezas sobre a continuidade da queda do dólar e o Fed já sinalizou uma pausa no movimento de queda dos juros em sua próxima reunião. Há duas semanas, porém, o estrategista global de mercado emergentes da Merrill Lynch, Michael Hartnett, afirmou que o rali das commodities só deve acabar quando os principais bancos centrais mundiais agirem para conter os preços das matérias-primas. E, ao menos até agora, o Fed não deu nenhum sinal de que voltará a elevar os juros – até porque a economia dos EUA continua sob o risco de recessão.
Tanto é verdade que o rali das commodities não pode ser dado como encerrado que Vale e Petrobras ainda são as ações indicadas pela maioria das corretoras para o mês de maio - inclusive estão na lista de preferidas da Fator. A Vale obteve reajustes de até 71% para o minério de ferro e de até 86% para as pelotas, altas que deverão beneficiar o balanço da empresa a partir deste segundo trimestre. Já a Petrobras elevou o preço da gasolina em 10% e o do diesel em 15% na semana passada, agradando um mercado que já começava a duvidar que houvesse um reajuste tão próximo às eleições municipais. Da mesma forma, siderúrgicas e fabricantes de celulose também conseguiram elevar os preços em mais de 10% nas últimas semanas. As ações ligadas ao consumo interno terão, então, que registrar fortes valorizações para superar as fabricantes de commodities.
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